"QUE A ÁGUA SEJA REFRESCANTE. QUE O CAMINHO SEJA SUAVE. QUE A CASA SEJA HOSPITALEIRA. QUE O MENSAGEIRO CONDUZA EM PAZ NOSSA PALAVRA."
Benção Yoruba

quarta-feira, abril 23, 2008

Salve Jorge !

"Padroeiro do Brasil"

(Ary Monteiro - Irany de Oliveira):

"Em toda casa tem um quadro de São Jorge/ Em toda casa onde o santo é protetor/ Num barracão, num bangalô de gente nobre/ Há sempre um quadro desse santo salvador/ Quem é devoto é só fazer uma oração/ Que o guerreiro sempre atende/ Dando a sua proteção/ Por isso mesmo não devemos esquecer/ A grande data dia 23 de abril/ Vamos cantar com alegria e prazer/ Porque São Jorge é o padroeiro do Brasil!"


Na madrugada de hoje, 23 de abril, enquanto ouvia os fogos saudando o democrático Santo Guerreiro, lembrei-me das festas de Ogum, realizadas no Centro de minha tia-avó Guilhermina, e o quanto assistí-las, em menina, influenciou a mulher que hoje sou.

Já mencionei, em outra postagem, que sou bisneta de uma benzedeira portuguesa, Anna da Glória, cujos filhos seguiram por caminhos religiosos diferentes: minha avó, católica; um tio-avô, pastor evangélico; e uma tia-avó, Guilhermina, mãe-de-santo ( o termo correto é zeladora de Santo). Aprendi desde cedo que a Verdade aparece em múltiplas narrativas. Em minha casa, sempre se reverenciou o Sagrado com muitos nomes e com muitos ritos, todos eles aceitos e respeitados como portadores de uma Verdade.

Por parte da família de minha mãe, havia o tio José cuja profissão o tornava, automaticamente, devoto de São Jorge. Lembro-me da imensa imagem do Santo em sua casa e da enorme corrente de ouro, com a medalha do mesmo que sempre usava.

Aos olhos da criança que fui, os ritos de Umbanda eram imbatíveis em termos de cânticos, danças e indumentárias. Minha tia, quando entrava em transe e vestia a capa vermelha, punha o elmo com penacho rubro e empunhava o sabre tornava-se Ogum... Tocava-se o clarim, soavam os atabaques e Ogum dançava...

Ainda hoje, quanto conto histórias de Ogum, as cenas da festa povoam minha imaginação, engravidam minha Palavra. Ao contar histórias, entre várias emoções, sinto-me travando o Bom Combate; o respeito para com a multiplicidade, que aprendi com minha família, torna-se uma estrela, guiando minha trajetória.

Hoje, de madrugada, ao ouvir os fogos, agradeci à esta poderosa imagem arquetípica do Santo Guerreiro e, embora não siga nenhuma religião, aproveitei o ecletismo familiar e rezei, pedindo proteção e discernimento para o meu ato de contar Histórias.




Um comentário:

Débora Kikuti - contadora de histórias disse...

Oi Eliana,
Meus sempre parabéns pelo seu trabalho, que acompanho aqui de Sampa. Qualquer hora quero lhe visitar aí no Rio...
Muito obrigada pela visita no blog, pela força, pelas vibrações. Penso que essa rede já existe; vamos dando uns pontinhos de vez em quando...não custa nada, né mesmo?
Saúde hoje e sempre!
Até hoje minha filha, que fará 18 mês que vem, se agarra com São Jorge quando está em dificuldade. E eu só engrosso o coro: SALVE JORGE!!!