Ilustração de Pedro Rafael para o livro OXUMARÊ, O ARCO-ÍRIS, de Reginaldo Prandi.
"Ifá conhece todas as histórias que num passado remoto foram vividas pelos deuses e pelos homens, pelos animais, pelas plantas e por tudo mais que tem vida.
O Adivinho sabe todas as histórias que ainda vão acontecer, seja neste mundo em que vivemos ou em outro.
As histórias que estão acontecendo e as que vão acontecer são as mesmas já acontecidas um dia.
Assim acreditam os africanos iorubás.
Para eles tudo na vida se repete, nada é novidade.
Quando se conhecem as histórias do passado é bem fácil adivinhar o presente e o futuro.
Para isso basta saber qual, entre tantas histórias do passado é aquela que estamos revivendo."
PRANDI, Reginaldo. OXUMARÊ, O ARCO ÍRIS. Cia das Letrinhas
“Em épocas remotas os deuses passaram fome.
Às vezes por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.
Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas.
Os descendentes dos deuses não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens?
Os homens não faziam mais oferendas e os deuses tinham fome.
Sem a proteção dos deuses, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução.
Exu foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens, Iemanjá lhe disse:
‘Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens com
doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios.’
Iemanjá disse:
’Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer.
Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocuparam com ele.
Então é melhor que procures solução noutra direção
Os homens não têm medo de morrer.
Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que para tanto, desejem continuar vivos’.
Exu retomou o seu caminho e foi procurar Orungã.
Orungã disse:
‘Eu sei por que vieste. Os deuses têm fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. Ë uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê.
Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás reconquistar os homens’.
Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos.
Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles. Os macacos então lhe disseram:
‘Exu, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira ?
Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira.
Em cada um desses lugares recolherás dezesseis odus.
Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos.
Cada história tem sua sabedoria, conselhos que podem ajudar os homens
Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então volta para onde vivem os deuses.
Ensina aos homens o que terás aprendido
E os homens irão cuidar de Exu de novo”.
Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orum, morada dos orixás.
Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram:
“Isso é muito bom”.
Os deuses ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens.
Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir.
Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro.
Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos orixás para afastar os males que os ameaçavam.
Eles começavam a sacrificar animais e cozinhar suas carnes para os deuses.
Os orixás estavam satisfeitos e felizes.
Foi assim que Exu trouxe aos homens o oráculo de Ifá.[1]
[1] PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Páginas 78 /82
Às vezes por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.
Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas.
Os descendentes dos deuses não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens?
Os homens não faziam mais oferendas e os deuses tinham fome.
Sem a proteção dos deuses, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução.
Exu foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens, Iemanjá lhe disse:
‘Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens com
doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios.’
Iemanjá disse:
’Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer.
Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocuparam com ele.
Então é melhor que procures solução noutra direção
Os homens não têm medo de morrer.
Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que para tanto, desejem continuar vivos’.
Exu retomou o seu caminho e foi procurar Orungã.
Orungã disse:
‘Eu sei por que vieste. Os deuses têm fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. Ë uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê.
Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás reconquistar os homens’.
Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos.
Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles. Os macacos então lhe disseram:
‘Exu, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira ?
Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira.
Em cada um desses lugares recolherás dezesseis odus.
Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos.
Cada história tem sua sabedoria, conselhos que podem ajudar os homens
Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então volta para onde vivem os deuses.
Ensina aos homens o que terás aprendido
E os homens irão cuidar de Exu de novo”.
Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orum, morada dos orixás.
Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram:
“Isso é muito bom”.
Os deuses ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens.
Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir.
Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro.
Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos orixás para afastar os males que os ameaçavam.
Eles começavam a sacrificar animais e cozinhar suas carnes para os deuses.
Os orixás estavam satisfeitos e felizes.
Foi assim que Exu trouxe aos homens o oráculo de Ifá.[1]
[1] PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Páginas 78 /82
Um comentário:
esse blog, enfetiçada, envolvida e feliz!
www.bandodaleitura.blogspot.com
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